22 de outubro de 2012

Sobre as relações

Conhecer o D fez-me crescer em muitas coisas. Acho que nunca lhe disse isto com todas as letras, mas ele sabe que sim, e já conversámos sobre isto. Nem todas as relações têm força para vingar, que fique desde já claro isto para que não hajam confusões. Mas muitas das que têm não vingam. Porquê? Por tudo e por nada. 

Não tive muitos namorados mas os que tive deram, invariavelmente, em asneira. Não digo que tenha ficado de costas voltadas com todos no fim de tudo - vá, só ao princípio - mas deram asneira. Em quase todos os casos porque não passavam de paixões de adolescentes, noutro porque de parte a parte não soubemos ser uma relação. Posso dizer de peito cheio que não deixei de amar (e não estou a falar de namoricos que acabaram em desilusões, estou a falar daquele amor a sério, que é raro e dura para sempre) aquele que amei mesmo de verdade antes de conhecer o D. Esse amor simplesmente mudou, deixou de ser romântico para se transformar naquele sentimento bom que temos por alguém que faz parte de nós e não poderá nunca deixar de ser. Deu asneira, mas não foi da grossa. Foi mais um mess up de parte a parte, porque não tinha de ser. E ainda bem, porque apesar de depois daquilo achar que nunca mais iria aparecer ninguém assim e de o mundo ter desabado à minha volta, quase 3 anos depois o D apareceu para superar todas as expectativas. Mas voltando às asneiras: Elas deixaram marcas, nele e em mim. Marcas que eu não sei se ele alguma vez irá ultrapassar mas que eu aceitei e respeito. Marcas que me ajudam a tornar a minha relação com o D melhor. Sim, porque não é perfeito, não pode ser. Mas é como se fosse. Por causa dele, por causa de mim. Porque somos amigos, cúmplices. Porque é para ser.

Vivemos numa geração em que as pessoas não sabem arranjar o que está partido. Vivemos no século do descartável, do desistir quando é difícil. Do não era para ser. Um não era para ser que não é consciente e sim de deixa andar. Não me interpretem mal, eu própria já fui assim. Mas os dois aprendemos, juntos, que não é assim que quem cá está há mais tempo que nós ainda está junto. 

Uma relação tem de ter nas suas fundações a amizade. Sem isso, nada feito. Ela não tem de aparecer logo, constrói-se. Mas é preciso construí-la. É preciso saber dar o braço a torcer, sem tentar lembrar primeiro quem o fez da última vez. Se é difícil...? Ufa, se é. Quase sempre é ele a ceder, no seu doce coração, e a puxar-me para ao pé dele num não vale a pena estarmos assim. E eu sinto sempre vergonha de não o fazer primeiro, até porque muitas vezes é ele quem tem razão. 

É preciso encontrar uma palavra de paz, um gesto de tréguas. Se estivermos os dois chateados, abraçamos-nos, está bem? Aceno, e a verdade é que resulta. E apesar de estarmos muito aborrecidos, no momento em que a minha bochecha toca o peito dele não consigo controlar o cérebro e esboça-se um sorriso imenso e involuntário nos meus lábios. Sei que não é sempre assim tão fácil, mas amar alguém é muito mais que sorrisos, beijos e paixão. É tão, tão mais que isso, que não quero nem por nada pôr isso em risco. Por isso deixo de fora todos os sentimentos maus que surgem nos momentos mais doridos, e ele também. Porque somos um só e queridos um do outro. Porque ele é parte de mim, e nada vai fazer isso desaparecer, nunca. Porque sei que nós somos daqueles que juntos vamos chegar àquele lugar mais dentro, onde só chega quem não tem medo de naufragar.

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