9 de agosto de 2012

O Mestre d'Obras que está a tratar de uns pequenos e transtornantes ajustes lá em casa andava ontem pelo jardim a explicar como a Pedra de Cascais se desgastava, quem se podia chamar para a consertar e o que este senhor iria fazer. A minha mãe insistia com um ar muito entendido que o senhor iria fazer uma "massa de calceteiro", do alto dos seus saltos altos e com os cabelos loiros a mexer com o vento. O senhor explicava que não, e ria-se, dizendo que seria um catoneiro, que iria fazer uma massa com uma série de coisas mas que não era nenhuma massa de calceteiro. Em todo este tempo, o senhor limpava as mãos numas cuecas brancas de algodão e renda. E eu, enquanto tentava compreender esta fórmula supramágica que cola a Pedra de Cascais, não tirava os olhos das mãos dele, para ter mesmo a certeza de que se tratava de um par de cuecas, com renda e algodão. E não sei o que é mais estranho, se o facto de não ter falado sobre isso com nenhum dos presentes, se o facto de ter tido de me controlar para interromper o senhor e perguntar: Isso são umas cuecas?